A presidente herdou um país com bases sólidas, mas ainda com problemas. Seu principal desafio será a sustentabilidade do crescimento.
Beatriz Ferrari e Derick Almeida
Revista VEJA
A principal medida que precisa ser implementada é a reversão da tendência expansionista dos gastos públicos dos últimos dois anos
Quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da República em 2003, os investidores ficaram apreensivos com o risco de uma mudança brusca na condução da economia.
Para acalmar o mercado, o então presidente eleito colocou à frente do Banco Central – que zela pelo cumprimento das metas de inflação – um ex-executivo do mercado financeiro, Henrique Meirelles.
Com o passar dos meses, ficou claro que estava mantido o compromisso com a estabilidade, já expresso na “Carta ao Povo Brasileiro” de 2002. A ida de Antônio Palocci para o ministério da Fazenda também se provou uma escolha acertada.
Oito anos depois, os desafios que Dilma Rousseff enfrentará são bem diferentes (veja infográfico). O país amadureceu, engatando uma trajetória de expansão do PIB, associado a melhorias na renda e no emprego. Agora, o que está em jogo é a sustentabilidade deste crescimento.
A economia entra em 2011 com inflação alta, perspectivas de desaceleração do PIB, uma possível elevação de juros já no começo do ano e incertezas no cenário externo.
A presidente terá de lidar com a hercúlea missão de construir um país moderno, capaz de sediar os eventos esportivos de 2014 e 2016, ao mesmo tempo em que aperta o cinto das contas do governo e melhora a qualidade do endividamento público.
O caminho das pedras passa por um corte de gastos sério, principalmente com pessoal e custeio da máquina pública – revertendo a tendência expansionista dos últimos dois anos –, criando condições para desacelerar a inflação e permitindo a acomodação.
Também é preciso aumentar os investimentos em infraestrutura para que o país cresça sem solavancos e sem gargalos. Espera-se da presidente, por fim, a coragem para enfrentar reformas necessárias, como a da pesada e complexa estrutura tributária e da Previdência.
Se Dilma conseguir desarmar essas “bombas”, deixará para seu sucessor um país forte, funcional e próspero.
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